Essa também sou eu.
Escutei esses dias uma pessoa comentando sua frustração acerca de uma atitude sua. Ela falava o quanto se desconheceu naquele ato.
“Essa não sou eu, Flávia. Não sou assim. Não sei porque agi dessa forma.”
Não é a primeira vez que escuto alguém falar sobre esse estranhamento acerca de si mesmo e de atitudes ou palavras distantes de como se percebem.
Mas penso que podemos olhar essas situações por outra perspectiva: no lugar de negar essa parte que se manifesta, acolher e integrar, mesmo que gere frustração e não corresponda ao ideal de si.
Nossos “eus” mais sombrios por vezes se revelam quando estamos vivendo experiências desafiadoras. Eles fazem parte de nós, compõem quem somos, mesmo que não tenhamos consciência deles.
Quando aparecem, é comum o estranhamento e a falta de intimidade com essas sombras, e os gatilhos impulsionadores acabam sendo “responsabilizados” pelo que nos toca dentro.
O processo de se autoconhecer possibilita conhecer os “eus” que nos habitam e que também somos. Possibilita compreender o que nos toca, onde nos toca, o que desperta em nós e como podemos cuidar e expressar nossas necessidades ao mundo com mais honestidade e inteireza.
O autoconhecimento nos ajuda a incluir ao invés de excluir as expressões de vida que nos habita, os “eus” que pedem espaço de manifestação, mesmo aqueles mais adoecidos, pois é justamente nesse processo de acolher as muitas partes que nos compõe, que Jung, chama de individuação, que a integridade se torna possível.
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