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Dar conta do mundo (interno)



Em algum momento da vida, entendemos que precisamos “dar conta de...” e ela foi se transformando em uma infindável jornada do “tenho que”.


Enquanto filhos, entendemos que temos que dar conta do que nossos pais esperam de nós. E já criança, nossa personalidade seguiu esse rumo.


Percebemos que os amigos e os grupos também demandam e, para pertencer, temos que dar conta de corresponder às regras sociais impostas.


No relacionamento amoroso e por uma necessidade de ser amado, entendemos que temos dar conta de corresponder ao que o outro deseja da relação.


Os filhos chegam e acreditamos termos que dar conta de suas todas as necessidades. (Os pais também são convocados a dar conta das expectativas dos filhos.)


A maturidade chega e para não sermos excluídos, acreditamos que precisamos continuar a dar conta das imposições de conduta e convivência.


Passamos a vida a dar conta de sermos fora o que o mundo espera que sejamos dentro.

“Tenho que dar conta de” chega pra mim com algumas mensagens. Uma delas é a crença de que não atender o mundo em suas exigências poderá comprometer os vínculos que valorizamos.


Podemos ver o “dar conta de” como um compromisso de amor, como um pedido de conexão. (A CNV ajuda a gente a perceber as lindezas guardadas em nossas ações.)


Meu convite é para equilibrarmos esse movimento de vida fora, “dando conta” também de atender nosso mundo interno, o que vibra dentro de nós e pede espaço para existir.

Pode ser um movimento leve, gostoso de praticar. Escutar o que é importante, o que faz nosso coração vibrar, o olho brilhar só de imaginar viver.


Essa parte nossa, tão preciosa, pode ser expressada para o mundo, para nossas relações afetivas. Pode ser experienciada nas escolhas que fazemos e na vida que desejamos. Não irá nos isentar de algumas dores, mas irá nos ajudar muito a diminuir o sofrimento.


Nossas escolhas, mesmo as inconscientes, são a tradução de quem somos e demandam responsabilidade em assumi-las. Trazer consciência para elas nos ajuda a tornar a vida menos “tenho que dar conta de” e mais “é importante pra mim que”.


Talvez seja isso que Marshall chamava de tornar a vida mais maravilhosa.


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